A edição do Estado de São Paulo, de 23 de agosto de 1911, dava conta de que na Estação da Luz, o advento dos serviços de táxi deflagrava uma série de protestos e atos de violência de cocheiros que não aceitavam perder espaço para os autotransportes, que passariam a transportar passageiros.
Inobstante a grande irresignação dos cocheiros, seus serviços acabaram superados pela ordem que se impôs.
Recentemente, os taxistas sofreram semelhante situação com a chegada do transporte por aplicativos.
E assim ocorre com muitos setores de produtos e serviços: o mundo evolui, as necessidades mudam e as soluções mais viáveis se consolidam.
Não é diferente na advocacia, que precisa se reinventar para atender ao que a sociedade necessita.
O advogado que não desapegar de sua prática antiga, baseada no juridiquês, no complicado, no prolixo e no moroso, está com os dias contados.
E há muitos profissionais do Direito inovando, adaptando-se à nova realidade. Contudo, sempre há os que resistem, por medo do novo e pela acomodação.
A própria OAB tem promovido verdadeira perseguição a advogados que, baseados em seu conhecimento sobre os problemas que a sociedade enfrenta, desenvolvem soluções modernas, práticas e que, muitas vezes, até dispensam a contratação de advogados.
Convenhamos: reserva de mercado é algo que não serve mais em 2020. Ou você é um profissional que efetivamente resolve algum problema e traz resultado para seus clientes ou ficará preso aos modelos antigos, como os cocheiros.
Nesse contexto, a criação de plataformas que facilitem a conciliação, mediação e evitem o litígio, devem ser sempre comemoradas e não inibidas.
Atualmente, para servir a sociedade com o que ela necessita, o advogado precisa se acostumar a algumas práticas, que certamente entrarão em confronto com alguns modelos antigos:
– Compartilhamento do conhecimento jurídico: o antes era visto como arma para a concorrência, atualmente é uma ferramenta para criar autoridade sobre um tema;
– Solução de problemas com agilidade e criatividade: as decisões devem ser tomadas com fluidez e diferentes cenários necessitam ser projetados; errar e fazer de novo custa menos que ficar apenas no planejamento;
– Adaptabilidade e flexibilidade: num mundo de tantas mudanças, a rigidez estagna. Estar aberto e não se assustar com o novo e inédito é um diferencial único.
– Negociação e empatia: melhor que “acabar” com seu “adversário”, hoje deve-se cooperar em prol de um objetivo comum, em que todos os envolvidos saiam ganhando.
– Análise de dados: com a grande quantidade de informações disponíveis, é fundamental saber utilizá-los no processo de orientação e tomada de decisões, priorizando aquilo que realmente agrega valor.
– Conexão e humanidade: com tantos recursos e plataformas tecnológicas, o profissional deve estar ao alcance de seus clientes para lhe dar atenção. Por mais que a automatização e robotização sejam tendências, o contato humano nunca será substituído e é nosso valor mais caro.
A própria pandemia trouxe uma série de circunstâncias imprevistas, fazendo com que novas soluções aparecessem neste momento de dificuldade mundial.
Nunca foi tão importante entender os problemas da sociedade e criar soluções que sejam modernas e alinhadas com o futuro que já chegou.
por Marcelo Oronoz