Sou Luciana Farias, sócia-fundadora da MFO Advogados. Tenho 43 anos. Além de advogada, sou consultora, empreendedora, mãe, esposa – e aprendi a não sofrer.
Vi advogados de todas as áreas (e operadores do Direito em geral), neste turbulento ano de 2020, sofrerem os impactos emocionais da pandemia de coronavírus, mesmo os que não tiveram redução de ganhos.
É um cenário interessante: a ansiedade e o estresse chegaram a muitos, não pelos motivos “normais” da vida jurídica, mas pela necessidade imediata de quebra de paradigmas de atuação – do atendimento ao cliente à forma de se comunicar, da utilização da tecnologia à ampliação do leque de soluções oferecidas, como nunca antes vislumbrado.
O tsunami de flexibilização de todas as estruturas com as quais lidávamos há décadas causou desconforto geral e desacomodou o status quo.
Contudo, foi possível não padecer por isso e ainda colher ótimos frutos.
Quem já havia se flexibilizado, muito além de seu ofício, mas como ser humano, em aspecto integral, transitou com pouquíssimo abalo.
Há anos, por circunstâncias da vida, resolvi expandir minha consciência e mergulhar em estudos de desenvolvimento pessoal profundos.
Entendi que, independentemente do que escolhemos como foco na profissão, necessitamos de centramento e âncora em nós mesmos, pois o mundo é de uma volatilidade brutal.
Em termos de flutuação de emoção, transitar por adversidades e por alegrias torna-se parecido para quem compreende que não é seus pensamentos e para quem sabe que os fatos externos são, em sua maior parte, incontroláveis.
A ferramenta para chegar a este nível de compreensão é muito simples, mas nem sempre fácil: a meditação diária.
Simplificando bastante, podemos dizer que a vida contemporânea nos centros urbanos causa estresse constante, o que é lido pelo nosso cérebro como um estado permanente de emergência ou luta por sobrevivência.
Tal condição altera e desequilibra o sistema nervoso autônomo de forma que não conseguimos relaxar e, ainda que não estejamos sob ameaças reais, nosso corpo responde automaticamente como se estivesse.
Quando meditamos, buscamos alterar a frequência de onda cerebral de Beta (mente analítica, consciente, atividade constante do neocórtex cerebral) para Alfa ou até Teta.
Em Alfa, é possível trabalhar de forma mais efetiva toda a neuroquímica que impacta nosso estado quando estamos em Beta (maior parte do tempo), realizando exercícios respiratórios e de coerência dos nossos centros energéticos, promovendo a liberação interna de substâncias benéficas e evitando as nocivas.
Durante a meditação e, na medida em que ela se torna um hábito diário, aprofundamos esse entendimento do nosso corpo como um sistema perfeito de autorregulação, mas que sofre as consequências do desleixo moderno em relação à lapidação da consciência, o qual, por sua vez, decorre do foco desmedido aos estímulos exteriores (apego à materialidade).
Tendo obtido esse conhecimento (e seus diversos efeitos benéficos) ao longo dos últimos anos, consigo escolher, na maioria das vezes, como quero reagir às mais diversas situações.
Obviamente, há mais detalhes interessantes a aprofundar.
Como mensagem principal, contudo, deixo a seguinte: existe vida sem estresse no mundo jurídico.
por Luciana Farias