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MINERAÇÃO E RASPAGEM DE DADOS E OS RISCOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Hoje, o mundo é sem fronteiras. Países inacessíveis ou desconhecidos passaram a ser visitados através de um mergulho profundo nesse oceano azul que é a internet. A comunicação entre as pessoas, em qualquer canto do mundo, é instantânea, graças ao avanço tecnológico.

 

A internet trouxe a possibilidade de todos ganharem voz, espalhando pelo mundo suas ideias, pensamentos e convicções, e depositando nas várias redes sociais existentes, influenciando e ditando comportamentos sociais.

 

Numa visão ainda errada, a internet é vista apenas como um meio para a conexão direta entre diferentes realidades, experimentações e pessoas, ignorando-se completamente as migalhas deixadas ao longo do caminho, e até onde todas essas conexões se estabelecem.

 

Crianças e adolescentes consomem, intensamente tudo o que está na internet. Fazem um bom, mas também, mau uso. Cadastram-se como usuários de plataformas e redes sociais, algumas vezes mentindo a idade mínima recomendada, criam conteúdos; fazem postagens expondo a sua imagem e outras informações; em alguns casos promovem ataques aos seus pares (cyberbullying ou Stalking), ou seja, tudo aquilo que não fariam, quando sob o cuidado presencial de seus responsáveis.

 

Mas, na grande maioria dessas situações citadas apenas como exemplo, elas não têm o conhecimento e a dimensão do volume de dados gerados na internet e da consequência que isso traz para si e para terceiros.

 

Numa sociedade informacional como a que vivemos, elas dispersam e produzem dados constantemente na rede (espalham as suas migalhas), que, ao receberem um sentido ou um valor, tornam-se informações, as quais, quando entendidas, ou quando delas são extraídos resultados, constroem conhecimento.

 

E isso acontece com a coleta de dados para análise, com um trabalho detalhado a partir de um processo analítico. Isso é o que se chama de Mineração de Dados, quando são exploradas grandes bases de dados extraindo-se aquelas informações relevantes para um determinado interesse.

 

Facebook, Twitter, Instagram, Tik Tok, Snapchat Discord, Whatsapp, Youtube e vários outros são exemplos dos grandes players que constantemente mineram seus bancos de dados para aprimorar os seus recursos e proporcionar aos seus usuários “a sua melhor experiência”, como por exemplo, aquela publicidade que eles entendem como personalizadas. Mas lembre-se, “se você não está pagando por um produto, o produto é você”.

 

Contudo, ainda há algo além da mineração:  A raspagem de dados ou scraping, que nada mais é do que uma técnica de coleta de dados, por meio de programas automatizados, que, através de acessos não autorizados dos usuários, passam a coletar seus dados pessoais e outras informações de um ou mais sites ou aplicativos na web.

 

Os grandes casos envolvendo raspagem foram o de dois desenvolvedores ucranianos que coletavam dados usando aplicativos de quiz e extensões de navegador para obter informações de perfil e listas de amigos das pessoas no Facebook, gerando um vazamento de dados de cerca de 530 milhões de usuários, e o da BrandTotal Ltd., uma empresa israelense, e da Unimania Inc., incorporada em Delaware, que coletaram dados do Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, LinkedIn e Amazon, com o objetivo de vender “inteligência de marketing” e outros serviços[1].

 

Já existem legislações importantes no mundo que buscam a proteção de dados pessoais de crianças e adolescentes,  como a GDPR da Europa, a COPPA – Children’s Online Privacy Protection Rule -, dos Estados Unidos e a própria LGPD do Brasil, mas ainda é preciso empregar outros esforços para a concretização dos direitos e garantias destes titulares hipervulneráveis, combatendo o uso indevido de seus dados.

 

A melhor forma de se enfrentar isso é através da conscientização e educação, que somente ocorrerão de forma efetiva quando forem incorporadas ao cotidiano de aprendizagem nas Escolas lições de cidadania digital, privacidade e proteção de dados, de comportamento nas redes sociais e ambiente virtual, as quais são necessárias para a garantia da autodeterminação informativa necessária para um livre desenvolvimento humano das crianças e adolescentes.

 

Somente assim, quando esses temas foram tratados como política pública de educação básica, será possível caminhar em direção a uma cultura sólida de privacidade e proteção de dados capaz de transformar a sociedade em que vivemos e de trazer segurança às crianças e adolescentes para essa nova realidade.

 

Fonte: https://about.fb.com/br/news/2020/10/tomando-medidas-legais-contra-a-raspagem-de-dados-data-scraping/ Acessado em 18/04/2021