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Artigos e Notícias

A pergunta certa na hora certa: Você sabe fazer?

Muitas vezes, o cliente chega com uma demanda (consultiva ou judicial) já nos dizendo o que quer que façamos.

“Quero fazer um contrato x”.

”Quero entrar com uma ação y”.

Isso significa que ele fez alguma pesquisa prévia (parentes, amigos, Google) e descobriu algum procedimento que se encaixa com o problema que ele pensa que tem.

Senta à minha frente, decidido, perguntando quanto vai custar e quanto vai demorar (nesta ordem).

O que o profissional “normal” faz? O que o cliente QUER.

O que o profissional deve, na verdade, fazer? O que PRECISA ser feito.

Tenho costume de, após ouvir a história do cliente, fazer a seguinte pergunta: o que você realmente quer?

As reações são as mais diversas. Contudo, a maioria pausa a novela e, com expressões faciais, demonstra que não tinha pensado no “REALMENTE”.

É muito comum, quando envolvidos em nossos problemas (pessoais e profissionais), não termos clareza dos cenários e dos motivos reais pelos quais chegamos àquele estado.

Pode ser uma empresa ou um casamento se desfazendo. Pode ser uma decisão de investimento a ser tomada. Em todos os casos, o que nos põe na encruzilhada é a falta de conhecimento das verdadeiras razões que nos levaram até ali e que impactam no caminho adiante.

Há 20 anos, quando me formei em Direito, jamais pensei que o ferramental mais útil em minha prática profissional seriam minhas formações complementares – não jurídicas.

Gestão empresarial completa, constelações sistêmicas, psicologia positiva, coaching – dentre outros estudos que somente nos dias de hoje têm sido ampliados nos meios mais conservadores.

Qual a importância, portanto, de tratar o cliente de forma integral e não apenas como um personagem daquele contexto estreito que ele lhe apresenta?

Ora, quanto mais eu aumento minha capacidade de conduzir a solução, alargando os horizontes do cliente e combinando técnicas multidisciplinares, maiores as chances de bons resultados.

E, atenção, nesse ponto: muitos profissionais pecam pela visão “encaixotada” sobre resultado.

Resultado positivo não significa ganhar uma ação judicial, adquirir uma empresa por preço baixo ou nunca mais cruzar com o ex-cônjuge.

Um bom desfecho para a situação posta pelo cliente, normalmente, passa por algo muito simples, porém muito maior: fazer com que aquela questão não lhe tire mais o sono, que a solução lhe traga paz e que haja equilíbrio em sua vida pessoal e nos negócios.

Eu disse “simples”. Não “fácil”.

Há 10 anos, por exemplo, eu não sabia fazer isso muito bem.  Eu gostava de ganhar a causa e neutralizar o adversário – e ponto final.

Vejam como o ego do profissional também atrapalha a vida do cliente.

Quantas ações ganhei, em que o cliente ficou feliz no momento, mas não teve o real problema de sua vida solucionado?

Quantos contratos redigi, direcionando vantagens somente a meu cliente e não atentando para a saúde da relação negocial que ele estava iniciando a partir dali?

Então, hoje, quando olho nos olhos do cliente e pergunto o que ele realmente quer, é porque de fato vou atrás dos verdadeiros motivos materiais e emocionais daquela situação – para somente assim refletir sobre a melhor solução naquele caso.

O cliente, no fundo, conhece suas limitações e anseios, mas não consegue organizar e estruturar o melhor caminho.

Eu entro no meio desse labirinto e faço o que estiver a meu alcance para mostrar a melhor saída para todos os envolvidos.

E, para garantir, faço sempre aquela famosa perguntinha no final da consulta: você quer ter razão ou ser feliz?

 

por Luciana Farias

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